PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR
Sábado Santo – Solene VIGÍLIA PASCAL
15 de Abril de 2006
No Sábado
Santo, a Igreja permanece junto do sepulcro do Senhor, meditando na sua Paixão e
Morte. Abstém-se do sacrifício da Missa (a mesa sagrada continua despida) até
ao momento em que, depois da solene Vigília ou expectativa nocturna da
ressurreição, se dará lugar à alegria pascal, que na sua plenitude se prolonga
por cinquenta dias.
Neste dia
não é permitido distribuir a sagrada comunhão, a não ser como viático.
Vigília pascal na
Noite Santa
Segundo uma
antiquíssima tradição, esta é uma noite de vigília em nome do Senhor (Ex 12, 42), noite que os fiéis celebram, segundo a
recomendação do Evangelho (Lc 12, 35 ss.), de lâmpadas acesas na mão, à semelhança dos servos
que esperam o Senhor, para que, quando Ele vier, os encontre vigilantes e os
faça sentar à sua mesa.
A Vigília
desta noite ordena-se deste modo: depois de um breve lucernário
(primeira parte), a santa Igreja medita nas maravilhas que o Senhor, desde o
princípio dos tempos, realizou em favor do seu povo confiante na sua palavra e
na sua promessa (segunda parte: liturgia da palavra), até ao momento em que, ao
despontar o dia da ressurreição, juntamente com os novos membros renascidos
pelo Baptismo (terceira parte), é convidada para a mesa que o Senhor, com a sua
morte e ressurreição, preparou para o seu povo (quarta parte).
Toda a
celebração da Vigília Pascal se realiza de noite, isto é, não se pode iniciar
antes do anoitecer do Sábado e deve terminar antes do amanhecer do Domingo.
A Missa da
Vigília Pascal, ainda que termine antes da meia noite,
é a Missa pascal do Domingo da Ressurreição. Quem participar nesta Missa pode
comungar de novo na segunda Missa da Páscoa.
Quem
celebrar ou concelebrar a Missa da Vigília pode
celebrar ou concelebrar de novo na segunda Missa da
Páscoa.
O sacerdote
e os ministros revestem-se, desde o princípio, com paramentos brancos, como
para a Missa.
Preparam-se
velas para todos os que tomam parte na Vigília.
Solene
início da Vigília ou Lucernário
Introdução ao
espírito da Celebração
Depois da cuidadosa
preparação que foi para nós a Quaresma, vamos celebrar a ressurreição de Jesus,
a Sua vitória sobre o pecado e a morte.
Nesta noite
santíssima em que Jesus passou da morte para a vida, a Igreja convida os seus
filhos para uma vigília de oração.
Começamos com a bênção do lume novo. Cristo é a luz que
ilumina o mundo inteiro e a Sua ressurreição gloriosa é farol de luz para todos
os homens.
Teremos, depois, a liturgia da palavra, com a meditação
mais pausada da palavra de Deus, que enche a nossa alma da luz de Jesus.
Seguir-se-á, depois,
a liturgia baptismal. Pela água do
baptismo morremos com Cristo para o pecado e ressuscitamos com Ele para a vida
nova da graça.
Finalmente, pela liturgia eucarística Jesus torna
presente sobre o altar a Sua morte e ressurreição e alimenta-nos com a Sua
carne e o Seu sangue, como Cordeiro da Páscoa nova
Bênção do fogo
As luzes da
igreja devem estar apagadas.
Fora da
igreja, em lugar apropriado, acende-se o lume. Reunido o povo nesse lugar, o
sacerdote aproxima-se, acompanhado dos ministros, um dos
quais leva o círio pascal.
Monição: Jesus ressuscitado é a luz que, na escuridão
da noite, ilumina as almas de todos os homens. O Círio pascal é símbolo de
Cristo. A sua luz comunica-se pela fé a cada um de nós, com a missão de a
levarmos aos que estão à nossa volta.
Onde não
for possível acender o fogo fora da igreja, o rito será como se indica no n.
13.
O sacerdote
saúda o povo na forma habitual e faz uma breve admonição sobre o significado
desta vigília nocturna, com estas palavras ou outras semelhantes:
Caríssimos irmãos:
Nesta noite
santíssima, em que Nosso Senhor Jesus Cristo passou da morte à vida, a Igreja
convida os seus filhos, dispersos pelo mundo, a reunirem-se em vigília e
oração. Vamos comemorar a Páscoa do Senhor, ouvindo a sua palavra e celebrando
os seus mistérios, na esperança de participar no seu triunfo sobre a morte e de
viver com Ele para sempre junto de Deus.
Em seguida,
benze-se o fogo:
Oremos.
Senhor, que por meio
do vosso Filho destes aos homens a claridade da vossa luz, santificai este lume
novo e concedei-nos que a celebração das festas pascais acenda em nós o desejo
do céu, para merecermos chegar com a alma purificada às festas da luz eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
Do fogo
novo acende-se o círio pascal.
Preparação do Círio
Se a
mentalidade do povo o aconselhar, pode ser oportuno realçar a dignidade e o
significado do círio pascal mediante alguns símbolos. Isto pode fazer-se do
seguinte modo:
Depois da
bênção do lume novo, um acólito ou um dos ministros apresenta o círio pascal ao
celebrante, o qual, com um estilete, grava no círio uma cruz; depois grava a
letra grega Alfa por cima da cruz e a letra grega Ómega por debaixo e, entre os
braços da cruz, grava os quatro algarismos do ano corrente. Enquanto grava
estes símbolos, diz:
1. Cristo, ontem e
hoje
Grava a
haste vertical da cruz.
2. Princípio e fim
Grava a
haste horizontal da cruz.
3. Alfa
Grava o
Alfa por cima da haste vertical.
4. e
Ómega.
Grava o
Ómega por debaixo da haste vertical.
5. A Ele pertence o
tempo
Grava no
ângulo superior esquerdo o primeiro algarismo do ano corrente.
6. e
a eternidade.
Grava no
ângulo superior direito o segundo algarismo do ano corrente.
7. A Ele a glória e o
poder
Grava no
ângulo inferior esquerdo o terceiro algarismo do ano corrente.
8. para
sempre. Amen.
Grava no
ângulo inferior direito o quarto algarismo do ano corrente.
Depois de
ter gravado a cruz e os outros símbolos, o sacerdote pode colocar no círio
cinco grãos de incenso, em forma de cruz, dizendo:
1. Pelas Suas chagas
1
2. santas
e gloriosas,
3. nos
proteja
4 2 5
4. e
nos guarde
5. Cristo Senhor. Amen. 3
O sacerdote
acende do lume novo o círio pascal, dizendo:
A luz de Cristo
gloriosamente ressuscitado nos dissipe as trevas do coração e do espírito.
Estes
elementos podem ser utilizados, no todo ou em parte, conforme as circunstâncias
pastorais do ambiente e do lugar. Entretanto, as Conferências Episcopais também
podem determinar outras formas mais adaptadas à índole dos povos.
Quando, por
justas razões, não se acende o fogo, a bênção do lume será adaptada
convenientemente às circunstâncias. Reunido o povo na igreja, o sacerdote
dirige-se para a porta da igreja, acompanhado dos ministros com o círio pascal.
O povo, na medida do possível, volta-se para o sacerdote.
Feita a
saudação e a admonição, como acima no n. 8, procede-se à bênção do lume (n. 9)
e, se parecer oportuno, prepara-se e acende-se o círio (nn.10-12).
Procissão
Monição: Depois de aceso o círio pascal, vamos, agora,
acompanhá-lo em procissão, aclamando a Cristo luz de todos os povos.
O diácono,
ou, na falta dele, o sacerdote, toma o círio pascal e, levantando-o, canta
sozinho:
V. A luz de Cristo. Lumen Christi
R. Graças a Deus. Deo gratias
As
Conferências Episcopais podem estabelecer uma aclamação mais solene.
Dirigem-se todos
para a igreja, indo à frente o diácono com o círio pascal. Se se usa o incenso, o turiferário,
com o turíbulo aceso, vai à frente do diácono.
À porta da
igreja, o diácono pára e, levantando o círio, canta pela segunda vez:
V. A luz de Cristo. Lumen Christi
R. Graças a Deus. Deo gratias
Acendem
então as velas do lume do círio pascal. A procissão continua; e, ao chegar
junto do altar, o diácono, voltado para o povo, canta pela terceira vez:
V. A luz de Cristo. Lumen Christi.
R. Graças a Deus. Deo gratias.
Cântico:
A Luz de Cristo, B.
Salgado, NRMS 5(II)
E
acendem-se as luzes da igreja (mas não as velas do altar: cf. n. 31).
Precónio Pascal
Monição: No precónio pascal
louvamos a luz de Cristo figurada no círio, recordando as maravilhas de Deus a
favor dos homens ao longo dos séculos e de modo especial as maravilhas da graça
realizadas por Seu Filho.
Ao chegar
ao altar, o sacerdote dirige-se para a sua cadeira. O diácono coloca o círio
pascal no respectivo candelabro, preparado no meio do presbitério ou junto ao ambão. Em seguida, se se usa
incenso, faz-se como para o Evangelho na Missa: o diácono pede a bênção ao
sacerdote, que diz em voz baixa:
V. O Senhor esteja no teu coração e nos teus
lábios, para anunciares dignamente o seu precónio pascal.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
R. Amen.
Se o precónio é cantado por outro que não seja diácono, omite-se
esta bênção.
O diácono,
ou, na sua falta, o sacerdote, depois de incensar o livro e o círio (se se usa o incenso), proclama o precónio
pascal no ambão ou no púlpito, conservando-se todos
de pé, com as velas acesas na mão.
O precónio pascal pode ser proclamado, se for necessário, por
um cantor que não seja diácono. Nesse caso, omitirá as palavras Quapropter astantes vos (E vós,
irmãos caríssimos) até ao fim do invitatório, bem
como a saudação Dominus vobiscum
(O Senhor esteja convosco).
O precónio pode ser cantado na forma mais breve.
Além disso,
as Conferências Episcopais podem introduzir no precónio
certas aclamações para serem ditas pelo povo.
As
aclamações previstas pela Conferência Episcopal Portuguesa para se intercalarem
no precónio pascal:
a. A luz de Cristo venceu as trevas
da noite.
b. Cristo venceu o pecado e a
morte.
c. Glória ao Senhor.
Precónio
Pascal
Exulte de alegria a
multidão dos Anjos, exultem as assembleias celestes, ressoem hinos de glória
para anunciar o triunfo de tão grande Rei. Rejubile também a terra, inundada
por tão grande claridade, porque a luz de Cristo, o Rei eterno, dissipa as
trevas de todo o mundo.
Alegre-se a Igreja,
nossa mãe, adornada com os fulgores de tão grande luz, e ressoem neste templo
as aclamações do povo de Deus.
[E vós, irmãos
caríssimos, aqui reunidos para celebrar o esplendor admirável desta luz,
invocai comigo a misericórdia de Deus omnipotente, para que, tendo-Se Ele dignado, sem mérito algum da minha parte,
admitir-me no número dos seus ministros, infunda em mim a claridade da sua luz,
para que possa celebrar dignamente os louvores deste círio] .
[V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.]
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.
É verdadeiramente
nosso dever, é nossa salvação proclamar com todo o fervor da alma e toda a
nossa voz os louvores de Deus invisível, Pai omnipotente, e do seu Filho
Unigénito, Jesus Cristo, nosso Senhor.
Ele pagou por nós ao
eterno Pai a dívida por Adão contraída e com seu Sangue precioso apagou a
condenação do antigo pecado.
Celebramos hoje as
festas da Páscoa, em que é imolado o verdadeiro Cordeiro, cujo Sangue consagra
as portas dos fiéis.
Esta é a noite, em que
libertastes do cativeiro do Egipto os filhos de Israel, nossos pais, e os
fizestes atravessar a pé enxuto o Mar Vermelho.
Esta é a noite, em que
a coluna de fogo dissipou as trevas do pecado.
Esta é a noite, que
liberta das trevas do pecado e da corrupção do mundo aqueles que hoje por toda
a terra crêem em Cristo, noite que os restitui à graça e os reúne na comunhão dos
Santos.
Esta é a noite, em que
Cristo, quebrando as cadeias da morte, Se levanta
vitorioso do túmulo. De nada nos serviria ter nascido, se não tivéssemos sido
resgatados.
Oh admirável
condescendência da vossa graça! Oh incomparável predilecção do vosso amor! Para
resgatar o escravo, entregastes o Filho.
Oh necessário pecado
de Adão, que foi destruído pela morte de Cristo! Oh ditosa culpa, que nos
mereceu tão grande Redentor!
Oh noite bendita,
única a ter conhecimento do tempo e da hora em que Cristo ressuscitou do
sepulcro!
Esta é a noite, da
qual está escrito: A noite brilha como o dia e a escuridão é clara como a luz.
Esta noite santa
afugenta os crimes, lava as culpas; restitui a inocência aos pecadores, dá
alegria aos tristes; derruba os poderosos, dissipa os ódios, estabelece a
concórdia e a paz.
Nesta noite de graça,
aceitai, Pai santo, este sacrifício vespertino de louvor, que, na solene
oblação deste círio, pelas mãos dos seus ministros Vos apresenta a santa
Igreja.
Agora conhecemos o
sinal glorioso desta coluna de cera, que uma chama de fogo acende em honra de
Deus: esta chama que, ao repartir o seu esplendor, não diminui a sua luz; esta
chama que se alimenta de cera, produzida pelo trabalho das abelhas, para formar
este precioso luzeiro.
Oh noite ditosa, em
que o céu se une à terra, em que o homem se encontra com Deus!
Nós Vos pedimos,
Senhor, que este círio, consagrado ao vosso nome, arda incessantemente para
dissipar as trevas da noite; e, subindo para Vós, como suave perfume, junte a
sua claridade à das estrelas do céu. Que ele brilhe ainda quando se levantar o
astro da manhã, aquele astro que não tem ocaso: Jesus Cristo vosso Filho, que,
ressuscitando de entre os mortos, iluminou o género humano com a sua luz e a
sua paz e vive glorioso pelos séculos dos séculos.
R. Amen.
Liturgia da
Palavra
Nesta
Vigília, mãe de todas as vigílias, propõem-se nove leituras: sete do Antigo
Testamento e duas (Epístola e Evangelho) do Novo Testamento.
Por motivos
de ordem pastoral, pode reduzir-se o número de leituras do Antigo Testamento.
Mas tenha-se sempre em conta que a leitura da palavra de Deus é parte
fundamental desta Vigília Pascal. Lêem-se pelo menos três leituras do Antigo
Testamento, ou, em casos muito especiais, pelo menos duas. Nunca se deve omitir
a leitura do cap. 14 do
Êxodo.
Todos os
presentes apagam as suas velas e se sentam. Antes de se iniciarem as leituras,
o sacerdote dirige ao povo uma breve admonição, com estas palavras ou outras
semelhantes:
Irmãos caríssimos:
Depois de iniciarmos
solenemente esta Vigília, ouçamos agora, de coração tranquilo, a palavra de
Deus. Meditemos como Deus outrora salvou o seu povo e como, na plenitude dos
tempos, enviou Jesus Cristo, nosso Salvador. Oremos para que Deus realize esta
obra pascal de salvação e seja consumada a redenção do mundo.
Seguem-se
as leituras. O leitor vai ao ambão e faz a primeira
leitura. Seguidamente o salmista ou cantor diz o salmo, a que o povo responde
com o refrão. Depois todos se levantam; o sacerdote diz Oremos e todos oram em
silêncio durante alguns momentos; o sacerdote diz então a oração colecta.
Em vez do
salmo responsorial, pode guardar-se um tempo de
silêncio sagrado; neste caso, omite-se a pausa depois do Oremos.
Monição às leituras do Antigo Testamento
A vigília pascal é
tempo de oração e meditação da palavra de Deus. O Senhor vai recordar-nos as
maravilhas que fez pelos homens e sobretudo pelo Povo escolhido Falam-nos da
criação do mundo e do homem, da libertação de Israel da escravidão do Egipto e
da renovação espiritual depois do cativeiro de Babilónia.
Primeira Leitura
*
Forma longa: Génesis 1, 1 – 2, 2 Forma
breve: Génesis 1, 1.26-31a
No princípio, Deus criou
o céu e a terra. [A
terra estava deserta e vazia, as trevas cobriam a superfície do abismo e o
espírito de Deus pairava sobre as águas. Disse Deus: «Faça-se a luz». E a luz
apareceu. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. Deus chamou
‘dia’ à luz e ‘noite’ às trevas. Veio a tarde e, em seguida, a manhã: era o
primeiro dia. Disse Deus: «Haja um firmamento no meio das águas, para as manter
separadas umas das outras». Deus fez o firmamento e separou as águas que
estavam debaixo do firmamento das águas que estavam por cima dele. E ao
firmamento chamou ‘céu’. Veio a tarde e, em seguida, a manhã: foi o segundo
dia. Disse Deus: «Juntem-se as águas que estão debaixo do firmamento num só
lugar e apareça a terra seca». E assim sucedeu. À parte seca Deus chamou
‘terra’ e ‘mar’ ao conjunto das águas. E Deus viu que isto era bom. Disse Deus:
«Cubra-se a terra de verdura: ervas que dêem sementes e árvores de fruto, que
produzam sobre a terra frutos com a sua semente, segundo a própria espécie». E
assim sucedeu. A terra produziu verdura: erva que produz semente, segundo a sua
espécie, e árvores que dão frutos com a sua semente, segundo a própria espécie.
Deus viu que isto era bom. Veio a tarde e, em seguida, a manhã: foi o terceiro
dia. Disse Deus: «Haja luzeiros no firmamento do céu, para distinguirem o dia
da noite e servirem de sinais para as festas, os dias e os anos, para que
brilhem no firmamento do céu e iluminem a terra». E assim sucedeu. Deus fez
dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao dia e o menor para presidir à
noite; e fez também as estrelas. Deus colocou-os no firmamento do céu para
iluminarem a terra, para presidirem ao dia e à noite e separarem a luz das
trevas. Deus viu que isto era bom. Veio a tarde e, em seguida, a manhã: foi o
quarto dia. Disse Deus: «Povoem as águas inúmeros seres vivos e voem as aves na
terra sob o firmamento do céu». Deus criou os monstros marinhos e todos os
seres vivos que se movem nas águas, segundo as suas espécies, e todos os
animais voadores, segundo as suas espécies. Deus viu que isto era bom; e
abençoou-os, dizendo: «Crescei e multiplicai-vos, enchei as águas dos mares e
multipliquem-se as aves sobre a terra». Veio a tarde e, em seguida, a manhã:
foi o quinto dia. Disse Deus: «Produza a terra seres vivos, segundo as suas
espécies: animais domésticos, répteis e animais selvagens, segundo as suas
espécies». E assim sucedeu. Deus fez os animais selvagens, segundo as suas
espécies, os animais domésticos, segundo as suas espécies, e todos os répteis
da terra, segundo as suas espécies. Deus viu que isto era bom.] Disse Deus: «Façamos o homem à nossa imagem
e semelhança. Domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os
animais domésticos, sobre os animais selvagens e sobre todos os répteis que rastejam
pela terra». Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus.
Ele o criou homem e mulher. Deus abençoou-os, dizendo: «Crescei e
multiplicai-vos, enchei e dominai a terra. Dominai sobre os peixes do mar,
sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem na terra». Disse
Deus: «Dou-vos todas as plantas com semente que existem em toda a superfície da
terra, assim como todas as árvores de fruto com semente, para que vos sirvam de
alimento. E a todos os animais da terra, a todas as aves do céu e a todos os
seres vivos que se movem na terra dou as plantas verdes como alimento». E assim
sucedeu. Deus viu tudo o que tinha feito: era tudo muito bom. Veio a tarde e,
em seguida, a manhã: foi o sexto dia. Assim se completaram o céu e a terra e
tudo o que eles contêm. Deus concluiu, no sétimo dia, a obra que fizera e, no
sétimo dia, descansou do trabalho que tinha realizado.
Salmo Responsorial Salmo 103 (104),1-2a.5-6.10.12.13-14.24.35c (R. cf. 30)
Refrão: Enviai,
Senhor, o vosso espírito
e
renovai a face da terra.
Bendiz, ó minha alma,
o Senhor.
Senhor, meu Deus, como
sois grande!
Revestido de esplendor
e majestade,
envolvido em luz como num manto!
Fundastes a terra
sobre alicerces firmes:
não oscilará por toda a eternidade.
Vós a cobristes com o
manto do oceano,
por sobre os montes pousavam as águas.
Transformais as fontes
em rios
que correm entre as montanhas.
Nas suas margens
habitam as aves do céu;
por entre a folhagem fazem ouvir o seu canto.
Com a chuva regais os
montes,
encheis a terra com o fruto das vossas obras.
Fazeis germinar a erva
para o gado
e as plantas para o homem, que tira o pão da
terra.
Como são grandes as
vossas obras!
Tudo fizestes com
sabedoria:
a terra está cheia das vossas criaturas.
Glória a Deus para
sempre.
Oremos.
Senhor nosso Deus, que
de modo admirável criastes o homem
e de modo mais admirável o redimistes,
dai-nos a graça de resistir às seduções do pecado
com a sabedoria do espírito,
para merecermos chegar às alegrias eternas.
Por Nosso Senhor...
Segunda Leitura
Êxodo 14, 15-31; 15, 1
Naqueles dias, disse o
Senhor a Moisés: «Porque estás a bradar por Mim? Diz aos filhos de Israel que
se ponham em marcha. E tu ergue a tua vara, estende a mão sobre o mar e divide-o,
para que os filhos de Israel entrem nele a pé enxuto. Entretanto, vou permitir
que se endureça o coração dos egípcios, que hão-de perseguir os filhos de
Israel. Manifestarei então a minha glória, triunfando do Faraó, de todo o seu
exército, dos seus carros e dos seus cavaleiros. Os egípcios reconhecerão que
Eu sou o Senhor, quando Eu manifestar a minha glória,
vencendo o Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros». O Anjo de Deus, que
seguia à frente do acampamento de Israel, deslocou-se para a retaguarda. A
coluna de nuvem que os precedia veio colocar-se atrás do acampamento e
postou-se entre o campo dos egípcios e o de Israel. A nuvem era tenebrosa de um
lado e do outro iluminava a noite, de modo que, durante a noite, não se
aproximaram uns dos outros. Moisés estendeu a mão sobre o mar e o Senhor
fustigou o mar, durante a noite, com um forte vento de leste. O mar secou e as
águas dividiram-se. Os filhos de Israel penetraram no mar a pé enxuto, enquanto
as águas formavam muralha à direita e à esquerda. Os egípcios foram atrás
deles: todos os cavalos do Faraó, os seus carros e cavaleiros os seguiram pelo
mar dentro.
Na vigília da manhã, o
Senhor olhou da coluna de fogo e da nuvem para o acampamento dos egípcios e
lançou nele a confusão. Bloqueou as rodas dos carros, que só dificilmente
conseguiam avançar. Então os egípcios disseram: «Fujamos dos israelitas, que o
Senhor combate por eles contra os egípcios». O Senhor disse a Moisés: «Estende
a mão sobre o mar e as águas precipitar-se-ão sobre os egípcios, sobre os seus
carros e os seus cavaleiros». Moisés estendeu a mão sobre o mar e, ao romper da
manhã, o mar retomou o seu nível normal, quando os egípcios fugiam na sua
direcção. E o Senhor precipitou-os no meio do mar. As águas refluíram e
submergiram os carros, os cavaleiros e todo o exército do Faraó, que tinham
entrado no mar, atrás dos filhos de Israel. Nem um só escapou. Mas os filhos de
Israel tinham andado pelo mar a pé enxuto, enquanto as águas formavam muralha à
direita e à esquerda. Nesse dia, o Senhor salvou Israel das mãos dos egípcios e
Israel viu os egípcios mortos nas praias do mar. Viu também o grande poder que
o Senhor exercera contra os egípcios, e o povo temeu o Senhor, acreditou n'Ele e em seu servo Moisés. Então Moisés e os filhos de
Israel cantaram este hino em honra do Senhor: «Cantemos ao Senhor, que fez
brilhar a sua glória, precipitou no mar o cavalo e o cavaleiro».
Salmo Responsorial Êxodo 15,
1-2.3-4.5-6.17-18 (R. 1a)
Refrão: Cantemos
ao Senhor, que fez brilhar a sua glória.
Ou: Deus fez maravilhas: o seu nome é Senhor.
Cantarei ao Senhor,
que fez brilhar a sua glória:
precipitou no mar o cavalo e o cavaleiro.
O Senhor é a minha
força e a minha protecção:
a Ele devo a minha liberdade.
Ele é o meu Deus: eu O exalto;
Ele é o Deus de meu
pai: eu O glorifico.
O Senhor é um
guerreiro, Omnipotente é o seu nome;
precipitou no mar os carros do Faraó e o seu exército.
Os seus melhores
combatentes afogaram-se no Mar Vermelho,
foram engolidos pelas ondas, caíram como pedra no
abismo.
A vossa mão direita,
Senhor, revelou a sua força,
a vossa mão direita, Senhor, destroçou o
inimigo.
Levareis o vosso povo
e o plantareis na vossa montanha,
na morada segura que fizestes, Senhor,
no santuário que vossas mãos construíram.
O Senhor reinará pelos
séculos dos séculos.
Oremos.
Senhor nosso Deus, que
iluminastes com a luz do Novo Testamento
as maravilhas operadas nos tempos antigos,
revelando no Mar Vermelho a imagem da fonte baptismal
e no povo libertado da escravidão do Egipto os
mistérios do povo cristão,
fazei que todos os homens, elevados pela fé à
dignidade de povo escolhido,
se tornem em Cristo nova criação pela graça do
vosso Espírito.
Por Nosso Senhor....
Terceira Leitura
Ezequiel 36, 16-17a.18-28
A palavra do Senhor foi-me
dirigida nestes termos: «Filho do homem, quando os da casa de Israel habitavam
na sua terra, mancharam-na com o seu proceder e as suas obras. Fiz-lhes então
sentir a minha indignação, por causa do sangue que haviam derramado no país e
dos ídolos com que o tinham profanado. Dispersei-os entre as nações,
espalhei-os entre os outros povos; julguei-os segundo o seu proceder e as suas
obras. Em todas as nações para onde foram, profanaram o meu santo nome; e por
isso se dizia deles: 'São o povo do Senhor: tiveram
de deixar a sua terra'. Quis então salvar a honra do
meu santo nome, que a casa de Israel profanara entre as nações para onde tinha
ido. Por isso, diz à casa de Israel: Assim fala o Senhor Deus: Não faço isto
por causa de vós, israelitas, mas por causa do meu santo nome, que profanastes
entre as nações para onde fostes. E as nações reconhecerão que Eu sou o Senhor – oráculo do Senhor Deus – quando a seus olhos
Eu manifestar a minha santidade, a vosso respeito. Então retirar-vos-ei de
entre as nações, reunir-vos-ei de todos os países, para vos restabelecer na
vossa terra. Derramarei sobre vós água pura e ficareis limpos de todas as
imundícies; e purificar-vos-ei de todos os falsos deuses. Dar-vos-ei um coração
novo e infundirei em vós um espírito novo. Arrancarei do vosso peito o coração
de pedra e dar-vos-ei um coração de carne. Infundirei em vós o meu espírito e
farei que vivais segundo os meus preceitos, que observeis e ponhais em prática
as minhas leis. Habitareis na terra que dei a vossos pais; sereis o meu povo e
Eu serei o vosso Deus».
Salmo Responsorial Salmo 41(42), 2-5.5; 42 (43), 3-4 (R. 41(42),
2)
Refrão: Como
suspira o veado pelas correntes das águas,
assim minha alma suspira
por Vós, Senhor.
Ou: Como o veado em busca das águas,
assim, ó Deus, a minha
alma Vos deseja.
Como suspira o veado
pelas correntes das águas,
assim minha alma suspira por Vós, Senhor.
Minha alma tem sede de
Deus, do Deus vivo:
Quando irei contemplar
a face de Deus?
A minha alma estremece
ao recordar
quando passava em cortejo para o templo do Senhor,
entre as vozes de louvor e de alegria
da multidão em festa.
Enviai a vossa luz e
verdade,
sejam elas o meu guia e me conduzam
à vossa montanha santa
e ao vosso santuário.
E eu irei ao altar de
Deus,
a Deus que é a minha alegria.
Ao som da cítara Vos
louvarei,
Senhor, meu Deus.
Oremos. Senhor nosso
Deus, poder imutável e luz sem ocaso,
olhai com bondade para a vossa Igreja,
sacramento da nova aliança, e confirmai na paz,
segundo os vossos desígnios eternos, a obra da
salvação humana,
para que todo o mundo veja e reconheça como o
abatido se levanta,
o envelhecido se renova e tudo volta à sua
integridade original,
por meio d'Aquele que
é o princípio de todas as coisas,
Jesus Cristo vosso
Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Ou, se houver catecúmenos a baptizar
Oremos.
Deus eterno e
omnipotente,
estai presente neste mistério do vosso amor
e enviai o Espírito de adopção para renovar
aqueles que vão nascer pela água do Baptismo,
de modo que a acção do nosso humilde ministério
se torne eficaz pela intervenção do vosso
poder.
Por Nosso Senhor...
Depois da última leitura do Antigo Testamento com o
salmo responsorial e a oração correspondente,
acendem-se as velas do altar. O sacerdote entoa o hino Glória a Deus nas
alturas (Gloria in
excelsis Deo), que é
cantado por todos. Tocam-se os sinos, conforme os costumes locais.
Terminado o hino, o sacerdote diz a oração colecta,
na forma habitual:
Oremos.
Deus de infinita
bondade,
que fazeis resplandecer esta sacratíssima noite
com a glória da Ressurreição do Senhor,
renovai na vossa Igreja o Espírito da adopção
filial,
para que, renovados no corpo e na alma,
nos entreguemos plenamente ao vosso serviço.
Por Nosso Senhor...
Monição às leituras do Novo Testamento
Jesus vem realizar as
promessas de Deus ao povo de Israel e as maravilhas operadas em Cristo
ultrapassam em muito as do Antigo testamento. A maior de todas é a Sua
ressurreição gloriosa.
Quarta Leitura
Romanos 6, 3-11
Irmãos: 3Todos
nós que fomos baptizados em Cristo fomos baptizados na
sua morte. 4Fomos sepultados com Ele pelo Baptismo na sua morte,
para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também
nós vivamos uma vida nova. 5Se, na verdade, estamos totalmente
unidos a Cristo por morte semelhante à sua, também o estaremos por uma
ressurreição semelhante à sua. 6Bem sabemos que o nosso homem velho
foi crucificado com Cristo, para que fosse destruído o corpo do pecado e não
mais fôssemos escravos dele. 7Quem morreu está livre do pecado. 8Se
morremos com Cristo, acreditamos que também com Ele viveremos, 9sabendo
que, uma vez ressuscitado dos mortos, Cristo já não pode morrer, a morte já não
tem domínio sobre Ele. 10Porque na morte que sofreu, Cristo morreu
para o pecado de uma vez para sempre; mas a sua vida é uma vida para Deus. 11Assim
vós também, considerai-vos mortos para o pecado e
vivos para Deus, em Cristo Jesus.
Esta leitura resume o tema central da
Vigília Pascal: a passagem da morte à vida em Cristo e em nós pelo Baptismo. A
nossa Páscoa é a transposição deste mistério da Morte e Ressurreição de Cristo
para a nossa própria vida.
3-4 S. Paulo faz apelo à simbologia do
Baptismo por imersão: o facto de ser imergido para dentro da água representa a
morte e sepultura; o emergir da água, já tornado «nova criatura», significa a
ressurreição, a nova vida divina. S. Paulo, ao dizer que nós «fomos baptizados na sua morte», quer
dizer que, pelo Baptismo, nos unimos tão intimamente à morte de Cristo, destruidora
de todo o pecado, que também nós morremos para o pecado, a tal ponto que este
já não deve dominar mais a nossa vida. A nossa vida tem que ser uma vida de
ressuscitados: «vivos para Deus, em
Cristo Jesus» (v. 11). Mas nós não somos uns meros beneficiários, estranhos
ao mistério pascal de Cristo: a nossa nova vida é uma vida em Cristo Jesus, pois estamos incorporados nele pela fé e pelo
amor, feitos membros do seu Corpo, sendo Ele a Cabeça.
Terminada a leitura da Epístola, todos se levantam.
O sacerdote entoa solenemente o Aleluia,
que todos repetem. O salmista ou um cantor canta o salmo e o povo responde
cantando Aleluia.
Se for necessário, o próprio salmista, em vez do
sacerdote, entoa o Aleluia.
Salmo Responsorial Salmo 117 (118), 1-2.16ab-17.22-23 (R. Aleluia)
Refrão: Aleluia.
Aleluia. Aleluia.
Dai graças ao Senhor,
porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.
A mão do Senhor fez
prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas
hei-de viver
para anunciar as obras do Senhor.
A pedra que os
construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do
Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Para a proclamação do Evangelho não se levam círios,
mas apenas incenso, se este se usar.
Evangelho
São Marcos 16, 1-7
1Depois de passar o sábado, Maria Madalena,
Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para irem embalsamar Jesus. 2E
no primeiro dia da semana, partindo muito cedo, chegaram ao sepulcro ao nascer
do sol. 3Diziam umas às outras: «Quem nos irá revolver a pedra da
entrada do sepulcro?» 4Mas, olhando, viram que a pedra já fora
revolvida; e era muito grande. 5Entrando no sepulcro, viram um jovem sentado do lado direito, vestido com uma
túnica branca, e ficaram assustadas. 6Mas ele
disse-lhes: «Não vos assusteis. Procurais a Jesus de Nazaré, o Crucificado?
Ressuscitou: não está aqui. Vede o lugar onde O tinham depositado. 7Agora
ide dizer aos seus discípulos e a Pedro que Ele vai
adiante de vós para a Galileia. Lá O vereis, como vos disse».
O relato de Marcos, muito semelhante ao
de Mateus, é dotado de mais frescor e espontaneidade. As pequenas divergências
não envolvem contradição, antes põem em evidência a peculiaridade de cada
evangelista e as suas próprias perspectivas. O facto de não se tratar dum texto
unificado joga a favor da autenticidade. Caso não correspondesse à verdade dos
factos, uma «mentira» tão monstruosa teria de ter sido mais bem urdida, para se
impor, além de que não se lembrariam de apresentar as mulheres como
testemunhas, quando entre os judeus o seu testemunho não tinha valor. Marcos
diz que as Santas Mulheres «não disseram
nada a ninguém, porque tinham medo» (v. 8b, suprimido na leitura), ao passo
que Mateus afirma que «elas saíram à
pressa do sepulcro com medo e com grande alegria e correram a dar a notícia aos
discípulos» (Mt
28, 8), o que parece ser uma generalização que tem em conta a aparição de Jesus
a elas, logo a seguir (Mt,
28, 9; cf. Mc
16, 9-11). Com efeito, é evidente que os evangelistas não pretenderam dar-nos
um filme do que aconteceu naquela primeira manhã de Páscoa. A espontaneidade e
a liberdade ao referir o acontecimento é mais um
apreciável sinal de historicidade.
1 «Depois
de passar o sábado»: Embora a unção do cadáver não fosse coisa proibida em
dia de sábado, já não era assim a compra dos perfumes e uma caminhada de mais
de mil passos, o que deve ter levado a adiar este obséquio para o primeiro dia
da semana.
7 «Ide
dizer aos seus discípulos e a Pedro». A referência particular a Pedro
dever-se-á, mais do que à sua preponderância entre os
companheiros, a uma delicadeza de Jesus para com o discípulo que O negara e que
não cessaria de chorar amargamente o seu pecado (cf. Mc 14, 72). Não deixa de ser
interessante que só Marcos refira este pormenor; o «intérprete de Pedro»
fixou-o certamente por lho ouvir contar como algo que o terá impressionado
vivamente; e isto tem tanto mais valor, quanto é certo que Marcos costuma
omitir os pormenores honrosos para Pedro, que por humildade ele omitiria na sua
pregação.
N.B. – No
domingo de Páscoa podem ver-se mais comentários sobre a Ressurreição,
especialmente nas notas ao Evangelho.
Sugestões para a
homilia
(ver missa do dia)
Fala o Santo Padre
«Nesta noite de
Ressurreição, a criação recupera o seu autêntico significado no plano da
salvação.»
1. «Não vos assusteis.
Buscais a Jesus de Nazaré, o crucificado? Ressuscitou, não está aqui» (Mc 16, 6).
Na manhã do primeiro dia
depois do sábado, como narra o Evangelho, algumas mulheres vão ao sepulcro para
venerar o corpo de Jesus, que, tendo sido crucificado na Sexta-feira, foi
envolvido às pressas num lençol e lá depositado. Procuram-no, mas não o
encontram: não está mais no lugar onde foi sepultado. D'Ele
restam somente os sinais do enterro: o túmulo vazio, as ligaduras, o lençol. As
mulheres, no entanto, ficam assustadas à vista de um «jovem trajado com uma
veste branca», que lhes anuncia: «Ressuscitou, não está aqui».
Desde então, esta
notícia desconcertante, destinada a mudar a sorte da história, continua a
repercutir de geração em geração: um anúncio antigo e sempre novo. Mais uma vez
ressoou durante esta Vigília pascal, mãe de todas as vigílias, e vai-se difundindo nestas horas por toda a Terra.
2. Ó sublime mistério
desta Noite Santa! Noite na qual revivemos o extraordinário evento da
Ressurreição! Se Cristo tivesse permanecido prisioneiro do sepulcro, a
humanidade e toda a criação, de certo modo, teriam perdido o próprio sentido.
Mas Vós, Cristo, realmente ressuscitastes!
Então cumprem-se as
Escrituras que há pouco acabamos novamente de ouvir na liturgia da Palavra,
percorrendo outra vez as etapas de todo o plano salvífico.
Ao início da criação «Deus, vendo toda a Sua obra, considerou-a muito boa» (Gn 1, 31). A Abraão
prometera: «Todas as nações da terra serão abençoadas na tua descendência» (Gn 22, 18). Foi-nos proposto novamente um dos mais
antigos cantos da tradição hebraica, que revela o significado do antigo êxodo quando
«o Senhor livrou Israel das mãos dos egípcios» (Ex
14, 30). Ainda hoje continuam verificando-se as promessas dos Profetas: «Dentro
de vós porei o meu espírito, fazendo com que sigais as minhas leis...» (Ez 36, 27).
3. Nesta noite de
Ressurreição inicia-se tudo novamente desde o «princípio»; a criação recupera o
seu autêntico significado no plano da salvação. É como um novo início da
história e do cosmo, porque Cristo ressuscitou dos mortos «como primícias dos
que morreram» (1 Cor 15, 20). Ele, «o último Adão», tornou-se «espírito
vivificante» (1 Cor 15, 45).
O mesmo pecado dos
nossos primeiros pais vem a ser cantado no Precónio
pascal como «felix culpa», «ditosa culpa, que nos
mereceu tão grande Redentor!». Onde abundou o pecado, sobreabundou
agora a Graça e «a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra
angular» (Sal resp.) de um edifício espiritual
indestrutível.
Nesta Noite Santa
nasceu um povo novo com o qual Deus estabeleceu uma eterna aliança no sangue do
Verbo encarnado, crucificado e ressuscitado.
4. Entra-se a fazer
parte do povo dos redimidos mediante o Baptismo. «Sepultámo-nos com Ele, pelo
Baptismo, na morte, – lembrou-nos o apóstolo Paulo na Carta aos Romanos – e assim
como Cristo ressuscitou dos mortos, por meio da glória do Pai, também nós
caminharemos numa vida nova» (6, 4). […]
João Paulo II, Vigília Pascal, Vaticano, 19 de Abril
de 2003
Liturgia
baptismal
Introdução
Depois de termos
escutado e meditado a Palavra de Deus iremos continuar a nossa celebração
participando na Liturgia Baptismal. Invocaremos a intercessão de todos os
santos, a fim de que a nossa oração contribua para uma consciencialização mais
efectiva da missão que a todos nós nos é cometida pela recepção do sacramento
do Baptismo.
O
sacerdote, acompanhado dos ministros, dirige-se para a fonte baptismal, se esta
se encontra à vista dos fiéis; caso contrário,
coloca-se um recipiente com água no presbitério.
Se houver
catecúmenos para serem baptizados, faz-se a respectiva chamada; são
apresentados pelos padrinhos, ou, se forem crianças, são levados pelos pais e
padrinhos à presença da assembleia eclesial.
O sacerdote
faz aos presentes uma admonição com estas palavras ou outras semelhantes:
– Se há
administração do Baptismo:
Ajudemos com as nossas
preces estes nossos irmãos, preparados para receberem a vida nova do Baptismo.
Oremos a Deus nosso Pai, para que, na sua grande misericórdia, os guie e
acompanhe até à fonte baptismal.
– Se não há
administração do Baptismo, mas apenas a bênção da fonte baptismal:
Supliquemos a Deus
nosso Pai que santifique esta água, para que todos os que nela receberem a vida
nova do Baptismo, sejam incorporados em Cristo e
contados entre os filhos de Deus.
Dois cantores
entoam as Ladainhas e todos, de pé (em virtude do Tempo Pascal), respondem.
Se a
procissão para o Baptistério é longa, as Ladainhas cantam-se durante a
procissão. Neste caso, os baptizandos são chamados antes da procissão. Esta
organiza-se do modo seguinte: à frente, o círio pascal; em seguida, os
catecúmenos acompanhados dos padrinhos; depois, o sacerdote acompanhado dos
ministros. A admonição faz-se antes da bênção da água.
Se não
houver baptizandos nem bênção da fonte baptismal, omitem-se as Ladainhas e
faz-se imediatamente a bênção da água (n. 45).
Nas
Ladainhas podem acrescentar-se alguns nomes de Santos, sobretudo o do titular
da igreja, dos padroeiros do lugar e dos baptizandos.
A invocação
Senhor, tende piedade de nós pode ser substituída por
Senhor, misericórdia ou Kyrie, eleison,
como na Missa.
Ladainha dos Santos
Senhor, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós. Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós.
Santa Maria, Mãe de
Deus, rogai por nós.
São Miguel, rogai
por nós.
Santos Anjos de Deus, rogai
por nós.
São João Baptista, rogai
por nós.
São José, rogai
por nós.
São Pedro e São Paulo, rogai
por nós.
Santo André, rogai
por nós.
São João, rogai
por nós.
Santa Maria Madalena, rogai
por nós.
Santo Estêvão, rogai
por nós.
Santo Inácio de
Antioquia, rogai
por nós.
São Lourenço, rogai
por nós.
São João de Brito, rogai
por nós.
Santa Perpétua e Santa
Felicidade, rogai
por nós.
Santa Inês, rogai
por nós.
São Gregório,
rogai
por nós.
Santo Agostinho, rogai
por nós.
Santo Atanásio, rogai
por nós.
São Basílio,
rogai
por nós.
São Martinho,
rogai
por nós.
São Bento,
rogai
por nós.
São Martinho de Dume, São Frutuoso e São Geraldo, rogai por nós.
São Teotónio,
rogai
por nós.
São Francisco e São Domingos, rogai
por nós.
Santo António de Lisboa, rogai
por nós.
São João de Deus, rogai
por nós.
São Francisco Xavier, rogai
por nós.
São João Maria Vianney, rogai
por nós.
Santa Isabel de
Portugal, rogai
por nós.
Santa Catarina de Sena, rogai por
nós.
Santa Teresa de Jesus, rogai
por nós.
Santa Beatriz da Silva, rogai
por nós.
Todos os Santos e
Santas de Deus, rogai
por nós.
Sede-nos
propício, livrai-nos,
Senhor.
De todo o mal livrai-nos,
Senhor.
De todo o pecado livrai-nos,
Senhor.
Da morte eterna livrai-nos,
Senhor.
Pela vossa encarnação, livrai-nos,
Senhor.
Pela vossa morte e
ressurreição, livrai-nos,
Senhor.
Pela efusão do
Espírito Santo, livrai-nos,
Senhor.
A nós, pecadores, ouvi-nos,
Senhor.
Se houver baptizandos:
Dignai-Vos dar uma vida
nova a estes eleitos
pela graça do Baptismo, ouvi-nos,
Senhor.
Se não houver baptizandos:
Santificai esta água,
para o renascimento
espiritual dos vossos filhos, ouvi-nos, Senhor.
Jesus, Filho de Deus, ouvi-nos, Senhor.
Cristo, ouvi-nos. Cristo, ouvi-nos.
Cristo, atendei-nos. Cristo, atendei-nos.
Bênção da água
Senhor nosso Deus:
Pelo vosso poder invisível, realizais maravilhas nos vossos sacramentos. Ao
longo dos tempos preparastes a água para manifestar a graça do Baptismo.
Logo no princípio do
mundo, o vosso Espírito pairava sobre as águas, prefigurando o seu poder de
santificar.
Nas águas do dilúvio
destes-nos uma imagem do Baptismo, sacramento da vida nova, porque as águas
significam ao mesmo tempo o fim do pecado e o princípio da santidade.
Aos filhos de Abraão
fizestes atravessar a pé enxuto o Mar Vermelho, para que esse povo, liberto da
escravidão, fosse a imagem do povo santo dos baptizados.
O vosso Filho, Jesus
Cristo, ao ser baptizado por João Baptista nas águas do Jordão, recebeu a unção
do Espírito Santo; suspenso na cruz, do seu lado aberto fez brotar sangue e
água e, depois de ressuscitado, ordenou aos seus discípulos: «Ide e ensinai
todos os povos e baptizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo».
Olhai agora, Senhor,
para a vossa Igreja e dignai-Vos abrir para ela a
fonte do Baptismo. Receba esta água, pelo Espírito Santo, a graça do vosso
Filho Unigénito, para que o homem, criado à vossa imagem, no sacramento do
Baptismo seja purificado das velhas impurezas e ressuscite homem novo pela água
e pelo Espírito Santo.
Introduzindo,
conforme as circunstâncias, o círio pascal, uma ou três vezes na água,
continua:
Desça sobre esta água,
Senhor, por vosso Filho, a virtude do Espírito Santo,
com o círio na água, prossegue:
para que todos, sepultados com Cristo na sua
morte pelo Baptismo, com Ele ressuscitem para a vida. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Retira o círio
da água; entretanto, o povo faz a seguinte aclamação ou outra semelhante:
Fontes do Senhor, bendizei o Senhor, louvai-O e exaltai-O para sempre.
Cântico:
Fontes do Senhor, M. Simões,
NRMS 25
Os
catecúmenos, cada um por sua vez, renunciam ao demónio, professam a fé e são
baptizados.
Os
catecúmenos adultos, porém, se está presente o Bispo ou um sacerdote com
poderes para confirmar, recebem também a Confirmação.
Bênção da água lustral
Se não
houver baptizandos nem bênção da água baptismal, o sacerdote procede à bênção
da água, dizendo a admonição e oração seguintes:
Oremos, irmãos
caríssimos, a Deus nosso Senhor, suplicando-Lhe que
Se digne abençoar esta água, que vai ser aspergida sobre nós para memória do
nosso Baptismo, e nos renova interiormente, a fim de permanecermos fiéis ao
Espírito que recebemos.
Todos oram
em silêncio durante alguns momentos. Depois, o sacerdote diz:
Senhor nosso Deus,
estai connosco e assisti ao vosso povo em vigília nesta sacratíssima noite. Ao
celebrarmos a obra admirável da nossa criação e a maravilha ainda maior da
nossa redenção, dignai-Vos abençoar esta água.
Vós a criastes para
dar fecundidade à terra e frescura e pureza aos nossos corpos. Vós a fizestes
instrumento de misericórdia, libertando da escravidão o vosso povo e matando a
sua sede no deserto. Por meio dos Profetas, Vós a proclamastes sinal da nova
aliança que quisestes estabelecer com os homens.
Finalmente, nas águas
do Jordão, santificadas por Cristo, inaugurastes o sacramento da regeneração
espiritual, que renova a nossa natureza humana, libertando-a da corrupção do
pecado.
Esta água, Senhor, nos
faça reviver o Baptismo que recebemos e nos leve a participar na alegria dos
nossos irmãos baptizados na Páscoa de Cristo Nosso Senhor, que é Deus convosco
na unidade do Espírito Santo.
Renovação das
promessas do Baptismo
Monição: Pelo Baptismo tornamo-nos novas criaturas,
renascemos para a vida em Cristo e renunciamos a todo o mal. Renovemos, então,
as promessas feitas nesse dia, com o firme propósito de procurarmos ser fiéis
ao encontro pessoal com Jesus.
Terminado o
rito do Baptismo (e da Confirmação), ou, se este não se realizou, depois da
bênção da água, todos os presentes, de pé, com as velas acesas na mão, renovam
as promessas do Baptismo.
O sacerdote
dirige-se aos fiéis com estas palavras ou outras semelhantes:
Irmãos caríssimos:
Pelo mistério pascal,
fomos sepultados com Cristo no Baptismo, para vivermos com Ele uma vida nova.
Por isso, tendo terminado os exercícios da observância quaresmal, renovemos as
promessas do santo Baptismo, pelas quais renunciámos outrora a Satanás e às
suas obras e prometemos servir fielmente a Deus na santa Igreja católica.
Sacerdote: Renunciais a Satanás?
Todos: Sim,
renuncio.
Sacerdote: E
a todas as suas obras?
Todos: Sim,
renuncio.
Sacerdote: E
a todas as suas seduções?
Todos: Sim,
renuncio.
Ou
Sacerdote: Renunciais
ao pecado, para viverdes na liberdade dos filhos de Deus?
Todos: Sim,
renuncio.
Sacerdote: Renunciais
às seduções do mal, para que o pecado não vos escravize?
Todos: Sim,
renuncio.
Sacerdote: Renunciais
a Satanás, que é o autor do mal e pai da mentira?
Todos: Sim,
renuncio.
Se convier,
esta segunda fórmula pode ser adaptada pelas Conferências Episcopais às circunstancias do tempo e do lugar.
Depois o
sacerdote continua:
Sacerdote: Credes em Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e
da terra?
Todos: Sim, creio.
Sacerdote: Credes em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso
Senhor, que nasceu da Virgem Maria, padeceu e foi sepultado, ressuscitou dos
mortos e está sentado à direita do Pai?
Todos: Sim, creio.
Sacerdote: Credes no Espírito Santo, na santa Igreja
católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da
carne e na vida eterna?
Todos: Sim, creio.
Sacerdote: Deus todo-poderoso, Pai de Nosso Senhor Jesus
Cristo, que nos fez renascer pela água e pelo Espírito Santo e nos perdoou
todos os pecados, nos guarde com a sua graça, em Jesus Cristo Nosso Senhor,
para a vida eterna.
Todos: Amen.
O sacerdote
asperge o povo com água benta, enquanto todos cantam a antífona seguinte ou
outro cântico de índole baptismal:
Cântico:
Vi a fonte de água viva,
Az. Oliveira, NRMS 65
Vi a água sair do lado
direito do templo. Aleluia.
E todos aqueles a quem
chegou esta água foram salvos. Aleluia. Aleluia.
Entretanto
os neófitos são conduzidos para os seus lugares no meio da assembleia dos
fiéis.
Se a bênção
da água baptismal não tiver sido feita no baptistério, os ministros levam com
reverência o recipiente da água para o baptistério.
Se não
houve bênção da água baptismal, a água benta coloca-se num lugar conveniente.
Feita a
aspersão, o sacerdote volta para a sua sede e, omitindo o Credo, dirige a
oração universal, em que os neófitos participam pela primeira vez.
Liturgia
Eucarística
O sacerdote
dirige-se para o altar e dá início à liturgia eucarística na forma habitual.
É
conveniente que o pão e o vinho sejam levados ao altar pelos neófitos.
Cântico
do ofertório: Senhor, quebrastes os laços, M.
Simões, NRMS 65
Oração
sobre as oblatas: Aceitai,
Senhor, com estas oferendas, as orações dos vossos fiéis e fazei que o
sacrifício inaugurado no mistério pascal por vossa graça nos sirva de remédio
para a vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio pascal I [mas
com maior solenidade nesta noite]: p. 53
No Cânone
Romano, diz-se o Communicantes (Em comunhão com toda
a Igreja) e o Hanc igitur
(Aceitai benignamente, Senhor) próprios.
Nas Orações
Eucarísticas II e III fazem-se também as comemorações próprias.
Santo:
F. da Silva, NRMS 99-100
Monição da Comunhão
Jesus ressuscitado
está aqui na Eucaristia e vem ao coração de cada um de nós se Lhe abrimos o
coração. Acolhamo-Lo com alegria
Cântico
da Comunhão: Cristo nosso Cordeiro Pascal, M. Simões, NRMS 25
1 Cor
5, 7-8
Antífona
da comunhão: Cristo, nosso
Cordeiro pascal, foi imolado: celebremos a festa com o pão ázimo da pureza a da
verdade. Aleluia.
Cântico
de acção de graças: Cantai Comigo, H. Faria, NRMS 2 (II)
Oração
depois da comunhão: Infundi em
nós, Senhor, o vosso espírito de caridade, para que vivam unidos no vosso amor aqueles que saciastes com os
sacramentos pascais. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
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